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00:00Olá, bem-vindos e bem-vindas a mais um Ponto de Vista.
00:16Hoje vamos falar sobre uma especialidade médica muito ligada ao diagnóstico das doenças,
00:22a radiologia.
00:23Para isso, convidamos o presidente da Sociedade de Radiologia de Pernambuco, Dr. Fernando Gurgel.
00:30Dr. Fernando, seja muito bem-vindo e obrigado pela sua participação hoje aqui no nosso Ponto de Vista.
00:36Eu que agradeço, é um prazer enorme poder chegar aqui para revelar um pouco da realidade
00:41da nossa especialidade em radiologia que fica tão escondida do público geral.
00:46Pois é, doutor. As pessoas costumam ter o cardiologista, o otorrino, o dermatologista,
00:52mas ninguém fala, ah, o meu radiologista, né?
00:56Isso meio que distancia um pouco, né?
00:58É uma especialidade médica que não está muito próxima das pessoas, né?
01:03Isso distancia um pouco o médico do paciente.
01:06Como é que vocês da área sentem isso ou não é um problema?
01:11Qual a avaliação que o senhor faz disso?
01:14A radiologia, de forma geral, ela funciona num setor que não é a linha de frente do hospital.
01:20Apesar dela estar presente em 80% da conduta médica, a maioria das vezes a gente tem uma
01:25relação direta com o médico solicitante e não com o paciente, né?
01:30Então, o paciente geralmente é atendido por um técnico que faz as imagens e o radiologista
01:36dá o laudo.
01:37Existem algumas áreas da radiologia, por exemplo, a ultrassonografia, onde o próprio médico
01:42também é o técnico aqui no Brasil.
01:44Então, nessas áreas o contato é maior e os pacientes se identificam mais com o médico.
01:49Mas, de modo geral, quando um paciente vai tirar um raio-x, ele nem pelo médico, ele
01:54é atendido, né?
01:55Ele é atendido pelo técnico que tira lá a radiografia, que é encaminhada para o médico
02:02radiologista.
02:03É assim que funciona?
02:04É correto.
02:04A maioria das vezes o técnico faz as imagens e a imagem é interpretada pelo radiologista
02:09que entra em contato diretamente ou indiretamente através do laudo com o médico assistente
02:16para a conduta do paciente.
02:17Agora, no final de julho e início de agosto, a gente vai ter a jornada pernambucana de
02:24radiologia.
02:25Como é que está a expectativa para esse encontro?
02:27O que é que vocês esperam fazer?
02:29A jornada já é a 27ª edição dessa jornada, né?
02:32A nossa jornada é um evento que é marcado no calendário nacional, né?
02:36Como a gente sabe, ela já vem atraindo pessoas tanto do Norte e Nordeste como até de outros
02:43estados.
02:43Essa vai ser a 27ª, né?
02:44A 27ª edição.
02:45A Sociedade de Radiologia de Pernambuco tem mais de 60 anos e é bastante conceituada
02:51nacionalmente, né?
02:52A gente tem uma história de respeito pelos nossos pares cientificamente e a gente consegue
02:58trazer bastante inovação, tanto científica quanto consegue agregar no nosso clima pernambucano
03:05de sede, agregar os colegas dos estados vizinhos aqui e fazer um evento realmente grandioso.
03:12Esse ano, especificamente, a gente tem uma grande expectativa porque a gente está partindo
03:16para um grande centro de convenção, né?
03:18A jornada pernambucana estadual, ela era realizada a maioria das vezes dentro de hotéis, né?
03:24Já ocorreu edições no Marotel, já ocorreu edições no Beach Class by On.
03:29Então, esse ano, a gente tem o Expo e isso nos dá...
03:32Vai ser no Recife Expo Center.
03:34No nosso novo centro de convenções que está mobilizando cientificamente a cidade e o nosso
03:40congresso é mais um exemplo disso.
03:41E a gente tem a possibilidade de dobrar essa quantidade de aulas e quantidade de alunos também
03:48e quantidade de empresas envolvidas, né?
03:51Para você ter uma ideia, quando a gente fazia no hotel, era 13, 14 estandes, 500 pessoas.
03:56Hoje a gente vai para mais de mil pessoas, 26 estandes.
03:59São três dias de aulas completas, vários cursos pré-congresso.
04:02Então, a expectativa é realmente bem empolgante.
04:05E apesar desse nome Jornada Pernambucana, o evento é um evento nacional?
04:08É, o evento é aberto, tá?
04:10Quem quiser se inscrever, não só nacional, mas até internacionalmente.
04:14Ela não traz, obviamente, o nosso público que a gente quer atrair.
04:18E eu acho que não pode faltar, né, pessoal do interior do estado, por favor, esteja presente.
04:23Mas a gente é aberto para todo mundo que quiser se inscrever, todos os médicos se inscreverem.
04:27É um evento médico, tá?
04:29Então, todos os médicos que quiserem se inscrever, ela está aberta para todo mundo.
04:33E a gente geralmente recebe bastante gente de fora aqui, Alagoas, Rio Grande do Norte, Paraíba.
04:39São todos super bem-vindos aqui.
04:41E eu estimulo bastante vocês a virem.
04:43O evento este ano vai ser maravilhoso.
04:45Doutor, dentro do contexto nacional, como é que se situa hoje a radiologia pernambucana?
04:50Como eu falei, a radiologia pernambucana tem um bom conceito perante seus pares, né?
04:55A nossa sociedade é uma das maiores do país.
04:58A gente sempre está em destaque.
05:01Tanto é que é o quinto congresso brasileiro, que vai ser aqui em Recife já.
05:04A gente conseguiu atrair em 2026.
05:09A gente vai ter o congresso brasileiro, que esse é o nacional,
05:12que todas as filiadas nacionais vão vir para cá.
05:14Nós temos um parque de equipamentos e de tecnologia que é bastante bem servido.
05:22E nós temos também um público, tanto de profissionais, os radiologistas em si,
05:28quanto aqueles ligados ao ensino, é bastante respeitado, né?
05:32Que dão aulas em congressos nacionais, internacionais.
05:35E é mais um motivo de atração para esses nossos eventos e nossa educação continuada.
05:40Existe muita diferença da radiologia no setor público e no setor privado,
05:46em termos de avanços e em termos de equipamentos?
05:49Como é a situação hoje aqui no Estado?
05:51A radiologia é uma das áreas da medicina onde a tecnologia caminha de forma bem rápida.
05:57Então, obviamente, isso faz com que a última fase da tecnologia, né?
06:02Que é a democratização, ela ocorra de uma forma mais lenta.
06:05E a gente tem ilhas de serviços de excelência no serviço público.
06:13No entanto, de forma geral, a tecnologia, ela está enraizada mais nos novos e bem equipados
06:18serviços de radiologia privados, tá?
06:22Os privados, geralmente, eles andam bem à frente.
06:25E esse é um dos nossos desafios como sociedade, como população e até como gestores,
06:30de tentar democratizar isso aí para que essas tecnologias mais modernas
06:35estejam disponíveis, principalmente para a pessoa mais vulnerável.
06:39Quando o senhor fala do setor público, o senhor disse que há algumas ilhas,
06:42essas ilhas seriam que hospitais?
06:43Geralmente, os hospitais universitários do Recife são extremamente bem equipados
06:48e os profissionais que trabalham lá são extremamente respeitados,
06:51tanto por seus pares quanto pela qualidade de serviço que executam.
06:54Aí o senhor está falando do hospital das clínicas?
06:56O hospital das clínicas, o hospital Oswaldo Cruz, o hospital do IMIPE, né?
07:01Todos esses aí são hospitais realmente de excelência que promovem um serviço
07:06de excelente qualidade.
07:07E essa diferença que existe entre o setor privado e o setor público,
07:12com o setor público apenas com esses poucos hospitais oferecendo bom serviço,
07:18isso se reflete na população também, né, doutor?
07:20Qual o impacto disso para a população de um modo geral?
07:23É, especificamente sobre a radiologia, como eu falei que a tecnologia anda de forma muito rápida,
07:30então às vezes até o diagnóstico se torna mais tardio e às vezes ele precisa fazer tratamentos mais invasivos,
07:38tanto porque a radiologia intervencionista hoje permite realizar procedimentos menos invasivos,
07:44menos danosos, mais precoce e que causam menos efeitos colaterais e menos sofrimento para o paciente,
07:50quanto na parte do diagnóstico precoce, né?
07:53Como a gente tem uma disponibilidade maior de serviços no campo privado,
07:58os pacientes fazem o seu check-up mais regularmente, tá?
08:03E esse check-up mais regular permite um diagnóstico precoce,
08:06o diagnóstico precoce permite maiores níveis de cura e permite um tratamento menos agressivo.
08:12A radiologia, então, está muito associada também à evolução da ciência e tecnologia, né?
08:17É uma coisa que tem que estar sempre em movimento, né?
08:22Não pode parar.
08:23E isso tudo contribui para, quanto mais avançada for, menos invasiva ela vai ser para os pacientes
08:30e para o desenvolvimento da radiologia do modo geral, né?
08:34Hoje, por exemplo, a inteligência artificial entrou no nosso dia a dia de forma bastante rápida
08:41e bastante, diria, totalmente inevitável que ela se torne parte do nosso dia a dia, tá?
08:48A inteligência artificial, por exemplo, ela participa desde a marcação de exames
08:54até a indetecção de achados que a gente disse que são emergenciais,
08:59que ele trazendo aquele paciente para uma frente de uma fila,
09:04porque aquele achado causa risco de vida, por exemplo, a ele,
09:09quanto na interpretação de achados e a associação de dados,
09:13o que é bem legal hoje em dia que está fazendo com que a inteligência artificial,
09:16ela consegue associar.
09:18A radiologia, ela lê, ela faz uma chapa mostrando o que o paciente tem por dentro,
09:24mas você juntando isso com a genética, com a história familiar,
09:29com a história clínica, você consegue chegar a dar valor a pequenos achados
09:35que talvez não fossem tão importantes se a tecnologia não conseguisse associá-la
09:39de forma tão rápida e de forma tão abundante, né?
09:42Você vê que isso aí com a internet, com essas redes neurais que a gente chama,
09:48ela consegue associar aquele pequeno achadozinho que, às vezes,
09:51não ia ser valorizado numa área do país,
09:54quando você junta que todo mundo que tem aquele achado
09:56acaba gerando uma situação complicada no futuro.
10:01Isso aí faz com que a gente identifique de forma tanto mais precoce,
10:04porque ele consegue ver mais do que alguns médicos,
10:08quanto de forma mais assertiva.
10:11Doutor, a gente sempre diz que medicina é uma das profissões
10:14que o médico, né, ele tem que estar sempre estudando.
10:17Dizem até que o médico não para nunca de estudar.
10:19Isso é verdade também para o radiologista, o médico radiologista?
10:23É, exatamente por essas características que a gente acabou de falar,
10:26que isso vem se modificando o nosso dia a dia de forma constante e abundante.
10:32Realmente, se você parar, você vai estar fadado a oferecer uma medicina
10:37de qualidade mais baixa.
10:40Então, é realmente um desafio de nós, radiologistas,
10:44nós temos esse congresso que é anual,
10:45de manter a educação continuada.
10:48Além disso, a nossa sociedade ainda exerce um curso de educação continuada
10:53para os residentes.
10:54Então, assim, os residentes continuam sendo formados
10:57em forma teórica e prática,
10:59de forma bem intensa pela nossa sociedade.
11:03O senhor percebe essa diferença?
11:06Por exemplo, quando a gente vai ver alguma doença,
11:09algum tratamento específico,
11:11tratamento da mama, tratamento de próstata,
11:14dá para fazer algum comparativo de como era
11:18alguns anos atrás e como é hoje?
11:21Você vê, por exemplo, o tratamento de próstata mudou completamente.
11:25A próstata, ela era operada...
11:28Nos anos 80, começou o PSA, que era um exame de sangue.
11:32O exame de sangue, apesar de ser muito sensível,
11:34ele fazia com que a gente pesquisasse mais do que deveria.
11:38E muitos cânceres que não tinham importância clínica foram operados,
11:42os pacientes ficaram sequelados e submeteram a um tratamento agressivo
11:46e outros acabaram sendo negligenciados.
11:50Então, hoje você tem uma ressonância multiparamétrica da próstata, por exemplo.
11:54É uma ressonância onde você, além de estudar a anatomia,
11:58como a gente fazia no passado,
12:00ela estuda o funcionamento, a fisiologia do tecido.
12:04Então, consegue identificar uma parte do tecido
12:06que tem mais avidez por contraste e automaticamente precisa de mais sangue
12:11e aquela ali tem mais suspeita de ser um tumor agressivo.
12:14Consegue identificar a mobilização até dos líquidos ali naquela área,
12:18que a gente chama de difusão.
12:19E essa difusão consegue identificar que naquele local ali
12:22tem uma alta celularidade, consequentemente mais suspeita.
12:26E a gente, melhor ainda,
12:28hoje a gente consegue fundir essa imagem
12:30com a imagem da ultrassonografia, que é o que guia a biópsia.
12:33Mas quando você diz hoje, mudou quanto?
12:38Isso mudou em quantos anos?
12:39Para você ter uma ideia, a biópsia transperineal com fusão
12:42chegou agora, nós somos o primeiro serviço lá na Lucilo Ávila
12:46que faz isso aí de forma de fusão, de forma regular.
12:50Então, assim, tem um ano.
12:52Então, por isso que eu digo que realmente é uma coisa que evolui,
12:57que se você parar, você cai rápido.
13:00É pior do que a bicicleta.
13:01O senhor falou aí dessa questão para o exame de próstata, né?
13:05Com relação à mama, também houve muitos avanços?
13:08Em relação à mama, a gente tem a mamotomia,
13:11que na realidade é uma mamografia tridimensional.
13:14Você sabe que 40% dos tumores de mama no nosso país
13:17são em pessoas de idade, ainda durante a menstruação.
13:23A gente chama durante o menacme.
13:24Então, essas pacientes tendem a ter a mama mais densa.
13:29E a sensibilidade da mamografia normal nessas pacientes é menor.
13:32Hoje, a gente consegue fazer uma mamografia tridimensional.
13:37E o que aumenta bastante é a sensibilidade da detecção de tumores.
13:40Nesse público, inclusive, a gente passou há pouco tempo um perrengue aí com...
13:47Vocês viram que eles, no SUS, queriam colocar que o check-up de mamografia
13:50fosse apenas a partir dos 50 anos, exatamente pela baixa disponibilidade.
13:55E a gente, exatamente, esse era o grande argumento
13:58para se usar a mamografia a partir dos 40 anos, como sempre foi feito.
14:02E prevaleceu isso?
14:04Prevaleceu, sim.
14:05Hoje, toda paciente, a partir dos 40 anos, deve fazer a mamografia uma vez por ano.
14:09A mamografia é um dos pontos onde a paciente consegue e a gente estimula que ela escolha
14:18um bom serviço, exatamente porque alguns serviços têm disponíveis esse tipo de tecnologia
14:23da mamografia tridimensional, que é a tomossíntese, por exemplo.
14:26Hoje, também temos a mamotomia.
14:28Na mamotomia, a biópsia, que antigamente tira...
14:32Muito inicialmente, tirava apenas células, raspando.
14:34Depois, evoluiu para tirar pequenos fragmentos da lesão.
14:37Hoje em dia, a mamotomia, ela consegue tirar fragmentos guiados por ultrassom,
14:42aí vem a radiologia, que era só possível através da cirurgia.
14:46Então, você consegue tirar, muitas vezes, até o nódulo completamente,
14:49toda a lesão completa e evita uma cirurgia no paciente
14:52e dá um diagnóstico bastante assertivo, evitando que ela tenha o que a gente chama de subdiagnóstico.
14:57Você fazer uma biópsia de uma lesão, onde aquela lesão dá uma atipia,
15:01mas não dá tumor, por exemplo.
15:02E, na realidade, ela tomou, só que você não tirou o pedacinho mais agressivo dela.
15:07Doutor, vamos fazer agora um rápido intervalo.
15:10Você não saia daí. A gente volta já, já.
15:23Estamos de volta.
15:24O Ponto de Vista hoje recebe o médico Fernando Gurgel,
15:29presidente da Sociedade Pernambucana de Radiologia.
15:32Doutor, a gente estava falando de alguns avanços,
15:34eu queria continuar ainda falando desses avanços da radiologia, né?
15:38A gente falou de próstata, de mama.
15:41Que outros avanços podem ser sentidos e que favoreceram o desenvolvimento da radiologia
15:46aqui no Estado e no Brasil, de um modo geral?
15:49Perfeito, Fernando.
15:50Eu vou setor para o setor para o pessoal já ir sentindo.
15:53Então, por exemplo, raio-x.
15:55Então, raio-x, em primeiro lugar, extremamente baixa dose hoje.
15:59Então, os aparelhos hoje, eles conseguem detectar a espessura dos tecidos
16:02e usam a dose a mínima possível.
16:05Então, hoje...
16:05Hoje o senhor fala baixa dose, significa radiação menor.
16:09Isso.
16:10Uma das grandes preocupações de nós radiologistas, da indústria e do paciente,
16:16é exatamente a exposição à radiação.
16:18Isso.
16:19E a radiação, historicamente, em pacientes de radioterapia, em acidentes nucleares.
16:25Então, isso gera uma atenção do público para a radiologia.
16:30E tem muita fake news aí, depois a gente pode falar mais sobre isso.
16:35Indicando que exames radiográficos sejam perigosos e devem ser evitados.
16:39O que, na realidade, é uma grande falácia, né?
16:42Na realidade, o risco de ter qualquer doença é bem superior ao risco da radiologia evitada.
16:46Mas, voltando às tecnologias, aos avanços.
16:50Então, no raio-x, especificamente, temos esse controle de dose.
16:54Temos o diagnóstico, né?
16:58Então, hoje em dia, você vê, desde a época da COVID,
17:01a triagem era toda feita por inteligência artificial.
17:04Então, o paciente chegava lá numa urgência, fazia o raio-x,
17:08e que ela dizia se tinha achado suspeitos ou não para a COVID, por exemplo,
17:11foi o que a gente teve naquela época, já há cinco anos atrás.
17:14Na ultrassonografia, nós temos a elastografia, por exemplo.
17:19A elastografia é um método que usa ondas de ultrassom,
17:23que o ultrassom é como se fosse um sonar, para ver a dureza dos tecidos.
17:27Então, vendo a dureza dos tecidos, você consegue ver se tem algum tumor enraizando ali,
17:32se tem uma fibrose se instalando.
17:34É muito utilizada, por exemplo, no fígado.
17:36O fígado de pacientes que têm gordura, ou que são alcoólatros, ou que têm hepatite C,
17:42a gente consegue hoje dizer a dureza do fígado,
17:45para dizer se ele já está começando a desenvolver a fibrose,
17:48o que até cinco anos atrás era feito com a biópsia.
17:51É por isso que eu estou dizendo que é muito rápido.
17:53Então, eu, por exemplo, faço biópsia hepática,
17:55e a minha principal educação de biópsia há cinco anos atrás era essa.
17:59Hoje, eu não faço praticamente mais nenhuma biópsia por esse motivo.
18:02Todas as biópsias foram substituídas pela elastografia.
18:06A elastografia também pode ser feita por ressonância magnética,
18:09que é o que a gente chama de ressonância magnética multiparamétrica do fígado.
18:12Ela faz aquele estudo da perfusão, igual como era na próstata,
18:17da difusão, também igual como na próstata,
18:19e ainda faz uma espécie de vibração e consegue ver todo o fígado se tem algum grau de fibrose.
18:24O senhor falou elastografia. O que é isso, exatamente?
18:28Elastografia é o estudo do grau de dureza.
18:30Pode ser feito por duas formas.
18:32Por exemplo, três formas.
18:34Com a imagem, duas formas.
18:35Que é através da ultrassonografia.
18:37Então, a ultrassonografia é como se fosse um peteleco.
18:40Ela dá um pulso além daquele tecido e consegue ver quanto ele está vibrando.
18:44E com essa vibração, ele consegue dizer se o tecido tem fibrose ou não tem fibrose.
18:50O que é fibrose?
18:51Então, vai ajudar muito no tratamento.
18:53E, principalmente, acompanhar o paciente e evitar biópsias de necessárias.
18:59Então, por exemplo, o paciente que tinha hepatite C, que é uma doença não tão rara,
19:04ele precisava ficar fazendo temporalmente, em curtos intervalos de tempo, fazer biópsias
19:11para dizer se ele estava começando a evoluir para uma cirrose.
19:13A cirrose é a principal causa de falência hepática e de câncer hepático.
19:18Então, a gente consegue evitar que ele evolua através do estudo da elastografia.
19:23A elastografia também pode ser feita por ressonância magnética.
19:26Então, você faz uma imagem de ressonância magnética com o aparelho vibrando em cima do fígado
19:30e a ressonância consegue detectar essas vibrações.
19:35E, obviamente, o tecido fibrosado fica mais duro e essas vibrações se tornam diferentes
19:41do que as vibrações fisiológicas normais.
19:43E a gente consegue detectar uma área mais dura no fígado que possa ser suspeita de fibrose
19:47ou até de tumor.
19:49O senhor falou aí rapidamente em fake news.
19:51Existem muitas fake news na radiologia ainda.
19:54As pessoas ainda são mal informadas, desinformadas pelas fake news.
19:59Como é a situação hoje?
20:01Infelizmente, a realidade das fake news na radiologia, assim como nas outras áreas,
20:06é um desserviço à população.
20:09Então, se gera um factóide, um fato baseado em informações parciais
20:14e esse fato faz com que a pessoa se afaste do serviço.
20:18Então, como eu tinha citado anteriormente, o principal deles é o medo da radiação.
20:24Então, hoje, por exemplo, você tem um exemplo, um raio-x de tórax.
20:27A radiação que se toma por um raio-x de tórax é a mesma radiação que se toma
20:31se você pegar um avião daqui para São Paulo.
20:33Então, assim, é uma coisa realmente irrisória.
20:37Ninguém deve deixar de fazer o exame por causa da radiação.
20:41A tomografia, hoje, ela tem um controle de exposição que, de acordo com cada milímetro
20:48do tecido a ser estudado, ela vai diminuir na dose o máximo possível
20:54para que aquele exame consiga ser feito ou repetido, se for o caso,
20:58sem causar nenhum dano ao paciente.
21:01Então, essa é a principal fake news.
21:03Tinha um ano passado, bem recente, né, dizendo que a mamografia causava câncer de mama.
21:09Que não fizesse mamografia porque você tinha mais chance de ter o câncer de mama
21:13gerado pela mamografia do que se não fizesse.
21:16Essa é gravíssima, gerou grandes problemas e até hoje eu recebo pacientes com essa dúvida
21:21e a radiação da mamografia é irrisória, não causa problema nenhum.
21:26Inclusive, não se precisa usar nenhum protetor de tireoide, nada por causa disso.
21:30Então, é um exame realmente bastante seguro e a tecnologia tem feito que ele se torne cada vez mais seguro.
21:37Tudo bastante monitorizado, então não tenha medo de fazer exames por causa de radiação,
21:42porque ninguém vai ter problema por causa de radiação.
21:45Doutor, inteligência artificial.
21:48Hoje, a gente sabe que a inteligência artificial praticamente está em todas as áreas, né,
21:52e na medicina não seria diferente.
21:55Em termos de radiologia, em que a inteligência artificial tem contribuído mais?
22:01Hoje já é dia a dia nosso, como eu falei, desde a marcação até a execução do exame.
22:07Isso aí já é normal e a maioria dos serviços que tem tecnologia de ponto trabalham assim.
22:12Então, hoje, por exemplo, quando um paciente é colocado, que ele vai fazer um exame especificamente,
22:18é a inteligência artificial que diz qual é o exame e coloca aquilo ali numa agenda
22:23que seja logicamente mais produtiva e mais segura para o paciente.
22:28O segundo item é na execução das imagens, né, desde esse controle de dose, é todo feito por inteligência artificial.
22:34Então, o tomógrafo, por exemplo, ele vai adquirindo a imagem, ele já vai analisando aquela imagem e vendo se ele precisa de maior dose ou menor dose.
22:43E, obviamente, ele usa a menor dose possível para que aquilo ali seja seguro para o paciente.
22:49A ressonância magnética, por exemplo, que era um exame bastante demorado, você fazia uma ressonância de abdômen, às vezes, era 40 minutos.
22:56Hoje, você consegue fazer uma imagem que, teoricamente, ia ser mais ruidosa,
23:01mas a inteligência artificial consegue perceber o que é ruído e o que é sinal ali, ela aumenta o sinal e diminui o ruído.
23:08É o exemplo, por exemplo, que você tem na televisão.
23:11A mesma coisa que tem a TV digital hoje, perfeita por causa disso, porque ela consegue identificar o que é ruído e o que é sinal,
23:17aumenta o sinal e some completamente com o ruído, né.
23:20Hoje, a gente não tem mais televisão chovendo.
23:22É a mesma coisa que a ressonância, né, hoje a gente consegue.
23:25Isso está ajudando a dematerializar a tecnologia, que a gente chama, né,
23:30a fazer com que os aparelhos com potência menor consigam produzir a mesma imagem que um aparelho com potência muito superior.
23:41E a tendência é que isso demonetize, né, ou seja, que os aparelhos se tornem mais baratos.
23:47E, finalmente, a gente vai chegar naquele nosso primeiro ponto, que é a democratização, né,
23:51onde todo mundo vai ter acesso a esses aparelhos.
23:54E a gente vai conseguir.
23:57A gente falou, doutor, em hospitais da rede pública, né, o senhor falou do IMIP, do Hospital das Clínicas.
24:03E na rede privada, quais são os grandes centros, os grandes hospitais em termos de radiologia,
24:09que tem um setor de radiologia bastante avançados aqui no estado?
24:14É, a gente, no nosso estado, nós somos realmente bem equipados.
24:18Estamos bem servidos?
24:19Estamos bem servidos, né, você tem o Hospital Português aqui, que tem um parque de aparelhos bastante rico.
24:27Alguns aparelhos que eles têm lá, em vários centros nacionais, não estão nem disponíveis,
24:31mesmo em centros de excelência.
24:34Você tem agora aqui, criou-se o Memorial Está, também, que é extremamente bem equipado.
24:40E clínicas ambulatoriais, né, que, como a clínica que eu trabalho, lá em Lucilo Ávila, também tem bastante.
24:48Todo esse serviço está disponível para a população.
24:51Todos esses que eu citei aqui estão disponíveis.
24:54Santa Joana, Memorial São José, como é que estão esses hospitais?
24:57Eles têm também esses setores de radiologia?
25:01Você tem aparelhos de ressonância de última ponta em todos eles, tá?
25:04Aparelho completo, que tem toda essa tecnologia que eu estou falando.
25:07O Santa Joana também tem isso aí.
25:09Existe uma competição entre os hospitais para tentar, cada um, ao seu modo, ter um departamento,
25:18um setor de radiologia mais avançado?
25:21Isso vai fazer com que ele atraia mais pacientes?
25:24Existe essa competição entre os hospitais privados para oferecerem serviços mais modernos, com mais tecnologia?
25:32É perfeito.
25:33Como a radiologia está extremamente ligada à tecnologia, acaba sendo sinônimo de um serviço bem equipado, tem um setor de radiologia bem equipado.
25:43Então, hoje, os serviços utilizam a radiologia no seu marketing, né, dizendo que tem esses serviços extremamente equipados para que os pacientes entrem lá.
25:53Inclusive, como a radiologia é um dos métodos de check-up bastante efetivos, também é um método de atração desse público, né?
26:01Então, na hora que o paciente vai fazer um check-up lá e tem um diagnóstico lá, ele acaba ficando nesse setor.
26:06Então, a competição, na realidade, é para atrair, usar a radiologia como se fosse uma isca, realmente, para atrair esse check-up e para mostrar que o serviço tem uma tecnologia de ponta e, consequentemente, é um serviço de excelência.
26:21Doutor, o médico radiologista, ele faz o curso normal de medicina, depois tem uma especialização, que seria a residência em radiologia, né?
26:31E o técnico em radiologia? O que é que ele precisa? Qual a formação do técnico em radiologia?
26:36E eu aproveito para perguntar também se nós estamos bem servidos aqui no Estado em termos de técnicos em radiologia.
26:42Ok. O técnico em radiologia tem dois caminhos. Ele pode ser um biomédico, que era o mais comum no passado, que fazia depois um curso técnico em radiologia.
26:54E hoje a gente já tem os tecnólogos em radiologia, que já está se tornando a maioria, que eles fazem um curso de graduação de tecnólogo em radiologia.
27:04E são dois anos, três anos?
27:06Eu acho que são quatro anos.
27:07Quatro anos?
27:07Eu acho que são quatro anos. Mas é um curso completo de formação, graduação, diploma.
27:12Mas ele não é médico?
27:14Não, ele não é médico. Ele é tecnólogo.
27:16Existem dois, né? O técnico, que geralmente é biomédico ou enfermeiro e depois fez um curso técnico em radiologia,
27:24ou o tecnólogo, que fez uma universidade completa de radiologia.
27:27Além dessa jornada pernambucana, a gente vai ter o Congresso Brasileiro no ano que vem.
27:33Para encerrar, eu queria que o senhor dissesse qual a importância desses dois eventos para a radiologia pernambucana e aqui no Estado.
27:40A primeira grande importância é nós incentivarmos a educação continuada.
27:45A segunda grande importância é agregar.
27:47Então, eu acho que é um evento que, por ser aqui na capital, agora, a gente consegue trazer o pessoal do interior
27:53e tentar exatamente passar essa ideia da democratização, para a gente tentar difundir essa tecnologia,
28:00para que ela esteja acessível a todos os lugares do nosso Estado e todas as populações, principalmente as populações mais vulneráveis.
28:08Eu digo que eu tenho 50 anos, é a primeira vez que eu estou vendo uma punjança científica
28:13e crescendo ali com aquela nova orla que está sendo formada ali.
28:19E conseguimos atrair o Congresso Brasileiro de Radiologia,
28:22com grande possibilidade do Congresso Brasileiro de Radiologia ser fixo aqui no nosso Estado.
28:27Geralmente, eles fazem um ano no Sul, um ano aqui no Norte
28:30e dividem exatamente essa que a gente discutiu, a credibilidade que a sociedade de radiologia transmite a eles
28:38e também o acolhimento da cidade de Recife, com grandes praias aqui próximas e tudo mais.
28:44Então, tornou-se um ponto atrativo para trazer esse Congresso Brasileiro de Radiologia,
28:49se Deus quiser, a cada dois anos aqui, vai ser uma grande vitória para nós.
28:53Muito bem, doutor Fernando Gugel, muito obrigado por essa entrevista aqui no Ponto de Vista.
28:58Eu que agradeço, é sempre um prazer estar aqui com mais um Fernando de destaque
29:03e poder trazer um pouco da realidade da nossa especialidade médica e as perspectivas futuras.
29:09Obrigado.
29:10Muito bem, e para você que acompanhou a gente até aqui, muito obrigado por sua companhia e audiência.
29:15Nós voltamos na semana que vem.
29:17Música
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