Doenças cardiovasculares tiram uma vida a cada minuto e meio. -------------------------------------- 🎙️ Assista aos nossos podcasts em http://tribunaonline.com.br/podcasts
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00:00Olha gente, agora vamos para a nossa entrevista do dia.
00:03Hoje a gente vai falar sobre a saúde do coração e das veias, artérias, ou seja,
00:09dos canais que fazem a conexão vital do sangue para o coração e também para o resto do corpo.
00:15As doenças que atingem esse sistema são as chamadas doenças cardiovasculares.
00:21Entre as mais conhecidas estão o infarto, o AVC, a insuficiência cardíaca, as arritmias.
00:28E você sabia que essas são as doenças que mais matam no Brasil? Estão no topo, gente.
00:35Segundo o Ministério da Saúde, uma pessoa morre a cada 90 segundos no país.
00:41Só de internações por infarto, por exemplo, aqui no estado a gente teve mais de 1.700 internações até junho.
00:50Agora, o que está por trás de tantos casos?
00:53Quais são os hábitos do nosso dia a dia que aumentam as chances de desenvolver uma doença cardiovascular?
01:01Como é que a gente pode identificar os sinais e agir rápido para evitar um quadro mais grave?
01:07Bora falar sobre esse assunto especial, então?
01:10Aqui com a nossa convidada, Alessandra Cardoso, cardiologista do Hospital Santa Rita.
01:15Alessandra, muito obrigada pela presença, tá bom?
01:18Eu que agradeço a oportunidade e bom dia.
01:21Muito bom dia.
01:22Já vamos começar, então, partindo do mesmo ponto aqui.
01:26Vamos falar sobre doenças cardiovasculares.
01:29A gente citou ali umas mais conhecidas, né?
01:32Quando a gente fala de doença cardiovascular, a gente está falando do que exatamente?
01:35De qual região que a gente...
01:37Então, as doenças cardiovasculares são as doenças ligadas ao coração e todos os vasos sanguíneos, vamos dizer assim, as artérias que irrigam todo o nosso corpo.
01:46Então, dentro das doenças cardiovasculares, tanto que você fala do AVC, né?
01:50E é no cérebro.
01:51É por quê?
01:52Por entopimento das artérias que irrigam o nosso cérebro.
01:55E isso tudo está condicionado aos nossos hábitos de vida, à nossa genética, ao que a gente faz no nosso dia a dia.
02:05Entendi.
02:06E aí, então, existem doenças que estão associadas a uma prevalência, não é?
02:12De desenvolver doenças cardiovasculares.
02:14Quais seriam elas?
02:14Isso.
02:15O que acontece?
02:16A principal coisa, nós temos a genética, que é um fator que a gente não consegue mudar.
02:22Você nasce com aquele gene propenso a ter aquela doença.
02:24Mas existem fatores de risco que nós conseguimos mudar.
02:28A pressão alta, através do controle, os maus hábitos de vida, ou seja, fumar, beber, sedentarismo, obesidade.
02:39Então, são fatores, o diabetes, que a gente vai ter que controlar.
02:43Então, são fatores que nós podemos mudar e, com isso, mudar a saúde do nosso coração.
02:48E evitar que a gente tenha essas doenças cardiovasculares.
02:52A senhora já até adiantou, a doutora adiantou a receita aí, porque no final a gente sempre fala de doenças diversas, mas sempre tem aquela receitinha clássica, né?
03:01A gente até vai deixar assim, pro final, assim, esse recado de dizer como então evitar.
03:07Mas então, doutora, só pra gente entender.
03:09Então, fatores hereditários também estão associados, né?
03:13Sim, claro, com certeza.
03:14E é muito importante.
03:16Sempre que a gente tem um parente, pai, mãe, tios, avós, que tiveram algum evento cardiovascular, nós temos que ter maior atenção ao nosso coração, à nossa saúde.
03:27Perfeito.
03:28E essas doenças, elas dão sinais, né?
03:31Manifestam sinais, não é isso?
03:33Quando a gente fala, por exemplo, que tá no topo, assim, de doença cardiovascular, o infarto, por exemplo.
03:38Isso, o infarto. O infarto, sim, ele dá sinais. Normalmente, o paciente, ele tem o clássico do infarto, vamos dizer assim, ah, é a dor no peito, uma dor em opressão, que irradia pro ombro, pode irradiar pro dorso, ou pra mandíbula.
03:54Isso é o quadro clássico, né? Mas existem muitas coisas que a gente chama de equivalente isquêmico, principalmente mulheres, pacientes diabéticos, que não costumam sentir essa dor clássica.
04:06Eles têm o quê? O que a gente chama de equivalente isquêmico. Ele começa a, ele pode ter uma sudorese fria, um cansaço, uma falta de ar, e isso tem que chamar a nossa atenção.
04:17A gente tem que estar sempre atento aos sinais que o nosso corpo nos dá. Então, por exemplo, se eu fazia uma atividade e ok, não sentia nada, e eu começo a fazer aquela mesma atividade,
04:27e começo a sentir que eu tô ficando mais cansada, pra falar, a minha fala fica entrecortada. É um alerta. Para. Vamos olhar como está a saúde do seu coração.
04:39Doutor, inclusive, vamos conhecer um exemplo real agora, porque a gente já introduziu a questão dos sinais, né?
04:45Vamos falar então, aqui a gente tem um caso aqui, a gente vai conhecer o Roberto, tá?
04:50O Roberto Passos. Ele é um autônomo de 60 anos que sofreu um infarto há 40 dias durante uma caminhada, doutor. Olha o risco, né?
04:59Ele conta que sentiu dor no peito e dormência nos braços 20 dias antes, mas ele ignorou. Não deu tanta atenção.
05:08Vamos ver então o susto que ele passou. Como é que estão as coisas agora com ele? Roda aí.
05:12Fui fazer minha caminhada habitual, que eu sempre faço todos os dias, eu ando, caminho entre em torno de 10, 12 quilômetros,
05:21e me deu uma dor no peito terrível, que eu tive de voltar pra casa correndo, liguei pra minha esposa, avisando,
05:26ó, estou passando mal, estou indo pro hospital. Quando eu cheguei no hospital, não saí mais. Foi constatado o infarto, entendeu?
05:34Mas aí eu fui ver que era um histórico até familiar. Meu pai morreu, problema de coração, minha mãe também teve problema de coração.
05:42O histórico familiar da minha família, meus três irmãos já botaram stand, enfim.
05:47Aí eu tive de fazer o cateterismo, a angioplastia, aí botei o stand, que era a veia principal que estava entupida 90%.
05:55Aí ainda fiquei com duas veias que estão 60% entupidas. Mas como 60% deles não botam stand, só botaram ela de 90%.
06:06Aí agora eu faço o tratamento, acompanhando o tratamento médico e estou tomando remédio todos os dias agora.
06:11Aí o remédio agora é pra vida toda, entendeu? Mas isso foi o que aconteceu comigo.
06:17Então, vamos se cuidar, porque olha que eu me cuido, hein? Alimentação regrada, álcool, tomo um choppinho, mas bem leve, enfim.
06:26Tem que se cuidar, porque eu não esperava isso e me pegou de jeito.
06:31Mas vida que segue, estou normal, graças a Deus, estou bem agora, estou sendo acompanhado.
06:36E minha vida está normal agora, já voltei a caminhar. Enfim, vida que segue, ok? Um abraço a todos.
06:42É isso, muita saúde pro Roberto. Queria até agradecer o vídeo do Roberto.
06:47Roberto, que é pai da nossa querida e eterna chefe de reportagem aqui, Tainá Passos.
06:53Obrigada, tá, Roberto, pelo seu relato. Que bom que agora você está melhor.
06:57Mas a história do Roberto, né, doutora, dá pra gente explorar vários pontos.
07:00Eu queria começar pelo finalzinho ali, que ele falou, ah, tenho hábitos de vida, até saudáveis,
07:06tento me controlar ali na cervejinha, no churrasco. 90% da veia entupida, doutora?
07:12Como é que é possível chegar assim?
07:15É possível. É possível porque ele tem um fator hereditário, certo?
07:19E aí vai minha pergunta, quando foi a última vez que ele foi ao cardiologista?
07:24Ele fazia exames de rotina? Ele estava com check-up em dia?
07:27Então, não é porque eu faço atividade física que eu sou saudável e eu não vou ter problema cardíaco.
07:35Eu tenho que fazer atividade física, é importante, é muito importante,
07:39tanto na longevidade, na qualidade de vida, mas ela tem que ser feita com segurança.
07:44E essa segurança, como é que eu vou ter essa segurança?
07:48É indo ao cardiologista, fazendo os exames e aí sim, podendo fazer a minha atividade física com segurança.
07:55Mas o mais importante, mesmo eu fui ao cardiologista, fiz meus exames, está tudo ok, estou fazendo a minha caminhada.
08:04Sente dor? Para, não retorna, volta ao seu cardiologista, mas se a dor é de forte intensidade como foi a dele,
08:12o correto seria ir a um pronto-socorro e não, ah, está tudo bem.
08:16Entendeu? Então a gente tem que fazer atividade física sim, mas com segurança, sempre, em qualquer idade.
08:22Vou fazer atividade física? Primeiro eu passo no cardiologista para ver como está a saúde do meu coração.
08:27O que eu posso fazer? Como eu devo começar?
08:30Para que eu possa curtir essa atividade física com segurança, com prazer, com a minha consciência tranquila.
08:37Claro, e a gente viu que ele falou alguns procedimentos ali que ele teve que fazer.
08:41Isso.
08:41O estende, como é que é em cada caso?
08:43Isso. Então, quando o paciente chega no pronto-socorro, por exemplo, nós lá no Hospital Santa Rita,
08:48nós temos um protocolo de dor torácica. Então, por exemplo, no caso dele, se ele chegasse lá no hospital,
08:55ele apertaria um botãozinho que a gente tem um totem, dor torácica.
08:59Imediatamente é estartado um protocolo. Por quê?
09:03Porque a gente fala que músculo é tempo e tempo é vida.
09:09Então, ou seja, se eu perco esse tempo, eu perco o músculo e eu vou perder minha qualidade de vida e posso até perder minha vida.
09:17Então, isso é muito importante, porque o músculo é irrigado pela artéria.
09:20Então, se ela está comprometida, o fluxo sanguíneo diminui naquele músculo.
09:25E isso vai ter sofrimento. Pode levar à insuficiência cardíaca e até à morte.
09:29Então, quando ele chega, é estartado isso.
09:31É feito imediatamente, é levado para emergência, é feito um eletro e o médico visualiza esse paciente, examina esse paciente imediatamente.
09:37É sinalizado que é um caso grave, que é um caso de um infarto ou de uma angina de alto risco.
09:43Esse paciente é encaminhado a uma sala de hemodinâmica, que é onde se faz o procedimento de cateterismo cardíaco.
09:49Que se introduz um cateter através de uma artéria.
09:53Hoje a gente faz muito pelo braço, antigamente era só pela perna.
09:56E esse cateter vai até o coração, através da aorta.
10:00Chega lá, ele injeta contraste e desenha todas as nossas artérias.
10:04E aí o médico visualiza aonde há obstrução.
10:08Sendo obstrução, é tratado ou com cirurgia, ou com estente, ou tratamento clínico.
10:14Depende da anatomia do paciente, da quantidade de lesões e do grau de obstrução dessas lesões.
10:21No caso do Roberto, estava bem grave, né gente?
10:23Sim.
10:24Poderia, né, ter...
10:25Dependendo da artéria, pode levar à morte súbita.
10:27Infelizmente, às vezes o infarto, ele vai dando pequenos sinais e a gente não se atenta a isso.
10:33E às vezes, o primeiro sintoma, infelizmente, é a morte súbita.
10:38Então, por isso a gente tem que estar muito atento e perguntar o que eu tenho feito pela saúde do meu coração.
10:43Eu estou ouvindo os sinais do meu corpo?
10:46Eu estou fazendo as coisas de acordo com o que eu devo?
10:49Hoje a nossa vida é muito atribulada, o estresse é muito grande.
10:52Os hábitos de vida são muito diferentes de antigamente, né?
10:57E hoje a gente tem tanta coisa moderna, a gente possui tantas formas de a gente diagnosticar e tratar isso
11:04o mais precocemente possível, evitando maiores complicações.
11:09Então, o importante é sempre procurar o seu cardiologista.
11:11E doutora, a doutora falou sobre hábitos de vida que hoje a gente pode ter melhor, né?
11:16Uma qualidade, longevidade de vida.
11:18Mas também tem fatores da nossa época que também prejudicam ainda mais, né?
11:25Alimentos ultraprocessados, esse nosso estilo de vida, a própria poluição, tudo isso tem diferença?
11:32Hoje, quanto tempo a gente passa sentado atrás de um computador?
11:36Antigamente a gente não tinha isso no carro, no trânsito, não é?
11:39Antigamente as pessoas andavam mais a pé ou de bicicleta.
11:43Hoje não.
11:43Hoje tudo é mais conforto, né?
11:45Então, você tem o carro, o ônibus para te locomover.
11:49Então, hoje a gente exercita muito menos no nosso dia a dia, nas coisas habituais do dia a dia.
11:54A alimentação, às vezes, tem que ser fast food mais rápido, porque eu tenho pressa, porque meu tempo é curto, né?
12:00E aí eu estou cansada, eu chego em casa cansada do trabalho, as distâncias são maiores.
12:05Aí você quer o quê?
12:06Deitar e dormir.
12:07Você não quer fazer uma atividade física.
12:09Então, esses são os problemas.
12:12E uma coisa que eu queria alertar também é sobre a qualidade do sono, porque às vezes as pessoas acham que não tem importância.
12:19Então, assim, se você tem um familiar que ele ronca, ou que ele faz umas pausas durante o barulhinho que ele faz ao dormir, que ele faz umas pausas,
12:27procure um médico para fazer uma polissonografia, que é um estudo do sono.
12:31Porque existem pacientes que apresentam apneia do sono, ou seja, durante o sono, a saturação de oxigênio do sangue, ela baixa.
12:39E isso pode ser um fator de risco, tanto para AVC, quanto para infarto e arritmias cardíacas.
12:47Tá aí, doutora Alessandra Cardoso, trazendo dicas valiosíssimas para a gente, que no final, né, doutora, não tem receita fácil,
12:55é o de todo dia que tem que funcionar, é a alimentação, é o sono, é a atividade física, é a regra de ouro que a gente sempre fala, né, doutora?
13:04É difícil, mas vale a pena.
13:05Vale a pena, até porque é bem determinante, né, essa doença, assim, é que mais bata.
13:09A vida é boa, e a gente tem que viver bem, com coração em dia.
13:13Doutora, muito obrigada pela presença, viu?
13:16Júlia, eu que agradeço, né, por ter essa oportunidade de vir aqui falar em nome do Hospital Santa Rita.
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