Irã e Estados Unidos discutem neste sábado (19) um acordo nuclear em Roma. O ministro das Relações Exteriores do Irã afirmou que só aceitará o acordo sobre o programa se os EUA não forem “irrealistas”. O professor de Relações Internacionais Manuel Furriela traz detalhes sobre o tema.
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NotíciasTranscrição
00:00Os Irã e Estados Unidos discutem hoje acordo nuclear em Roma.
00:04O ministro de Relações Exteriores do Irã já afirmou que só vai aceitar o acordo sobre o programa
00:10se os Estados Unidos não forem irrealistas.
00:14A gente vai receber agora o professor de Relações Internacionais, Manuel Furriella.
00:18Professor, bom dia, bem-vindo.
00:20Bom dia.
00:22Professor, ora faz acordo, ora desfaz acordo, este é um assunto antigo.
00:27Agora a gente viu o ministro das Relações Exteriores do Irã falar que se não for irrealista
00:33o que os Estados Unidos quer propor, qual que é o principal obstáculo que os dois países
00:39aí ainda enfrentam para conseguir fazer esse acordo dar certo?
00:45Bom, do lado do Irã, ele fez algumas exigências para que o acordo seja entabulado.
00:51Uma delas é para que ele possa, ele, Irã, possa continuar usando as centrífugas
00:56e usando as suas instalações para enriquecimento do urânio, segundo ele, para fins pacíficos.
01:02Então tem tanto a questão de geração de energia, quanto para fins de equipamentos de diagnóstico médico e etc.
01:09Então, para fins pacíficos, alega o Irã, ele quer continuar esse enriquecimento.
01:14E o outro ponto é que ele tem um programa de mísseis, aí não são obviamente nucleares,
01:19até porque ele ainda não tem artefatos nucleares, que é muito avançado.
01:24Então o Irã tem uma tecnologia de mísseis, que é uma das mais avançadas de toda a região,
01:29que ele pretende continuar avançando, entendendo que as armas convencionais
01:34ainda são uma aposta para se proteger das hostilidades ali na região.
01:39Hostilidades que vêm principalmente de Israel, mas também da Arábia Saudita,
01:45que é uma outra potência regional.
01:47Então do lado do Irã são essas as exigências.
01:49E elas são de difícil atendimento.
01:53Porque imagine só, um país que tem que se controlar em termos militares, não somente nucleares,
01:59fica difícil para o Ocidente, para os Estados Unidos aceitarem fazer um acordo
02:04permitindo que ainda outro tipo de tecnologia militar, como o caso dos mísseis, seja desenvolvida.
02:10E no caso das centrífugas, aí o enriquecimento do urânio,
02:13mesmo que seja para fins pacíficos, o ponto é que quanto mais tecnologia um país desenvolve
02:20nessa área, mais próximo ele fica, quando queira, ou até mesmo de forma secreta,
02:26chegar em armamentos nucleares.
02:28Então para que haja efetivamente algo eficaz, em termos de se controlar,
02:35o potencial de criar uma bomba nuclear, para que haja essa potencialidade,
02:39para que seja eficaz, tem que realmente se suspender qualquer tipo de enriquecimento
02:45mais intensivo do urânio.
02:48Porque senão fica-se próximo, em algum momento, de desenvolvimento de armas nucleares.
02:54Esses são os principais aspectos dos dois lados.
02:57E tem a interferência externa.
02:59Israel vê o Irã sempre como um arco inimigo,
03:02aquele que apoia grupos hostis, grupos terroristas, como o Hamas, por exemplo,
03:08que atacam o seu território, atacam os seus cidadãos.
03:12Então Israel não vê um acordo com o Irã com bons olhos.
03:16Israel acredita que uma interferência, uma intervenção militar
03:20para desmantelar esses artefatos nucleares que o Irã esteja desenvolvendo
03:26seja a melhor medida.
03:28E o outro é a Arábia Saudita, que disputa poder regional com o Irã.
03:32São dois grandes países, Arábia Saudita e Irã, na região.
03:36Eles disputam poder.
03:37Então tem a questão de temas entre Estados Unidos e Irã.
03:42Difícil de se chegar a uma equação.
03:44E tem as interferências externas dos outros países que eu mencionei.
03:48Pois é.
03:49E a intencionalidade que é a grande dúvida, né, professor,
03:52em relação a esse enquerrecimento de urânio.
03:55Mas o acordo, Israel também, porque é muito próximo dos Estados Unidos,
04:01pode ter alguma interferência, alguma exigência que vem de Israel,
04:04direcionado aos Estados Unidos, para que realmente esse acordo seja fechado?
04:09Bom, no caso de Israel, a iniciativa militar é o que eles acreditam que tenha que ser feito contra o Irã.
04:16As questões de sanções internacionais, elas já são aplicadas, e aqui, deixar muito claro,
04:21autorizadas pela ONU.
04:23Não são sanções americanas, são sanções internacionais.
04:27O Irã, por conta de ser considerado um risco à segurança da região,
04:31principalmente por questão de desenvolvimento de armas nucleares,
04:35o que acaba acontecendo é que ele sofreu sanções, penalizações econômicas,
04:40por parte da ONU, que não são eficazes.
04:43Tanto não são, que a gente percebe que eles continuam avançando no desenvolvimento dessas tecnologias,
04:49e também atacando os países da região, principalmente Israel.
04:53Então, o Israel não acredita que sanções resolvam ou uma negociação.
04:59Que a negociação seja só um paliativo, não seja propriamente eficaz.
05:05E se Israel não entrar também aí nessa questão, entendendo que o acordo seja eficaz,
05:12fica muito difícil para os Estados Unidos irem adiante.
05:15Por dois motivos.
05:16Um, porque Israel é o principal aliado americano na região, por vários motivos.
05:22É o mais confiável, é o mais bem armado, é aquele inclusive com valores ocidentais,
05:28até religiosos, como a gente sabe.
05:30E o outro é por uma questão interna.
05:32Há um lobby muito forte da comunidade israelense dentro dos Estados Unidos,
05:38contra medidas que eles entendam que colocam em risco a existência do Estado de Israel.
05:43Então, você tem sim ali um grande obstáculo a ser transposto num eventual acordo.
05:50É de difícil equação, tanto é verdade que por isso que não saiu até agora.
05:55Professor, eu quero chamar os nossos comentaristas para essa conversa também.
05:59Primeiro, Jesualdo.
06:00Professor, muito bom dia.
06:02Professor, quando nós olhamos hoje esse cenário geopolítico no Oriente Médio,
06:05o Irã parece bastante isolado.
06:07Inimigo da Arábia Saudita, sofreu ataques de Israel e não conseguiu retalhá-los à altura.
06:13Ontem mesmo, os Estados Unidos bombardearam o Iêmen,
06:16matando mais de 100 pessoas apoiadas, de grupo apoiado, apoiados pelo Irã.
06:22Tudo isso parece mostrar uma certa fraqueza.
06:24E além disso, os parceiros históricos do Irã, pelo menos que poderiam ser a China,
06:28não se envolvem em conflito dessa magnitude e a Rússia já tem os seus suficientes problemas.
06:33Com esse isolamento de Israel, parece inevitável um acordo?
06:37Ou o senhor imagina que potencialmente pode existir ainda uma guerra entre Irã e Estados Unidos?
06:42Ótimo ponto.
06:44Realmente, Israel, ele é contra o acordo por vários motivos, como a gente mencionou,
06:50e também por entender que agora é um motivo de se atacar o Irã,
06:55por conta dessas fragilidades e outras, né?
06:58Que a gente pode... essas que você mencionou e outras.
07:01Tem a questão da Síria, por exemplo.
07:02Um governo aliado do Irã caiu na Síria.
07:05O governo Assad.
07:06Então, o Irã teve mais esse fator de isolamento.
07:09E tem um que é pouco mencionado no Brasil, né?
07:12Por questão aí da imprensa não ser livre no Irã.
07:16Então, chegam poucas informações ao ocidente.
07:18É que é uma grande realidade nacional.
07:21O Irã, ele vive uma crise interna.
07:23O governo iraniano está muito desgastado, é muito impopular.
07:28Então, ele também tem essa questão interna.
07:30Então, ele tem problemas econômicos.
07:32Ele tem dificuldade em manter grandes investimentos militares
07:37para atacar direto ou indiretamente Israel.
07:41Ele vive uma crise interna e está com pouco apoio internacional.
07:45E a Rússia, como você mencionou, apesar de ser uma apoiadora,
07:49e ela agora até buscou acordo, até uma questão surpreendente,
07:53o próprio superpoderoso ministro das Relações Exteriores da Rússia,
07:57Segrela Hever, está envolvido em tentar um acordo.
08:00Tudo isso mostra que agora realmente é o momento por conta de tantas fragilidades do Irã.
08:06Um ataque ao Irã, apesar de parecer para muitos algo potencialmente viável,
08:13a questão é que seria uma grande guerra regional, mesmo com o Irã fragilizado.
08:18Ele é uma potência ali na região.
08:20Ele tem poder de utilizar grupos terroristas, que são seus aliados,
08:25para atacar aqueles estados rivais ali na região.
08:29Então, mesmo fragilizado, ele tem potencial ainda de causar muitos estragos.
08:34Então, a questão, a solução militar também não é recomendável,
08:38por várias razões humanitárias, inclusive,
08:41mas mesmo de questões geopolíticas.
08:45Não há um interesse em criar um conflito desse tamanho,
08:49mesmo com um Estado tão fragilizado.
08:53Então, o acordo seria o mais interessante,
08:55mas os desafios são enormes.
08:57Talvez aí o Irã tenha que ceder mais um pouco para que isso aconteça
09:03e a gente chegue ali, pelo menos, numa pacificação temporária ou parcial.
09:10Professor, é uma honra falar com o senhor, toda vez que me encontro aqui na Jovem Pan.
09:15E a pergunta que eu gostaria de fazer é relacionada a se vale a pena ou não fazer acordos nesse sentido.
09:21Porque, como bem o senhor pontuou,
09:23estados como o Irã, por exemplo, muitas vezes,
09:26eles fazem se valer de grupos terroristas para conseguir atingir seus objetivos.
09:30E, quando você pega os Estados Unidos,
09:32por mais que tenha ali uma questão geopolítica e interesses topos envolvidos,
09:37até que ponto vale a pena você ficar insistindo em negociações,
09:41em acordos nucleares ou qualquer tipo de acordo com esse tipo de Estado
09:46que tem esse modo desoperante de se aproveitar de organizações terroristas
09:51para conseguir atingir seus objetivos.
09:55Bom, prazer também falar contigo.
09:58O Irã, ele vive um processo de grande desgaste com o mundo ocidental.
10:03O ápice foi em 1979,
10:04quando a Revolução Iraniana derrubou um governo monárquico do Shah Reza Parlevi,
10:10que governava o Irã.
10:11Quando houve a derrubada, o Ocidente perdeu seu principal aliado.
10:16E aí você teve a Revolução Islâmica,
10:18o Ayatollah Khomeini, muito famoso,
10:22muito mencionado internacionalmente,
10:24acendeu ao poder e, desde então,
10:26se constituiu ali um Estado, um governo hostil a todo o Ocidente.
10:31Então, de lá pra cá, hostilidades acontecendo.
10:34Mas o ponto é que,
10:36a partir do momento que há um potencial de desenvolvimento de armamento nuclear,
10:41o jogo muda por completo.
10:43Enquanto você tem armas convencionais,
10:45mesmo que poderosas,
10:46como os próprios mísseis,
10:48que os iranianos têm aí uma tecnologia realmente avançada,
10:52o conflito, ele é de um tipo.
10:54Quando ele entra na esfera nuclear,
10:56muda o jogo.
10:58Veja aí um exemplo, por exemplo,
10:59que temos com a Coreia do Norte.
11:01Então, é praticamente, hoje em dia, inviável
11:04qualquer incursão militar contra a Coreia do Norte,
11:09mesmo que se saiba que essa incursão sairia vencedora,
11:12porque caso eles utilizem armamentos nucleares nos vizinhos,
11:15ali tem Japão, Coreia do Sul,
11:17imagina o tamanho do estrago
11:19das questões humanitárias, econômicas,
11:22que nós teríamos.
11:23Mesmo se aplica aqui na região.
11:25Um Irã com armamentos nucleares que poderia lançar sobre a Árabe Saudita,
11:30a Europa, que é muito próxima,
11:33ou mesmo Israel,
11:34traria um potencial de conflito e de estragos internacionais
11:38que seria algo inédito na história contemporânea nos últimos anos.
11:43Então, o que se busca com o acordo,
11:45e por isso que eu acho que ainda é a melhor modalidade a ser seguida,
11:50é cessar o desenvolvimento.
11:52E você pode colocar supervisão internacional
11:55nas instalações nucleares.
11:57Então, há sim viabilidade para que um acordo desse
12:01traga uma segurança de não evolução,
12:05se seja, ou tem que ser incluído, uma supervisão internacional.
12:09Qualquer outro tipo de solução,
12:10e como eu mencionei, a única que tem,
12:12já que a econômica da ONU não surtiu efeito,
12:15as sanções não surtiram efeitos,
12:17seria uma incursão militar para desmantelar as instalações nucleares
12:22e desconstituir, derrubar o governo que lá está atualmente,
12:25para que o outro procedente se constitua.
12:28Tudo isso no papel funciona,
12:30na hora de colocar em prática,
12:32a gente tem outras situações que a gente observou no Iraque,
12:36ou no Afeganistão,
12:38onde o resultado não foi positivo.
12:40Incursões militares em países desse tipo
12:43são incógnitas.
12:45Então, acho que o acordo,
12:47mesmo com os desafios que você mencionou,
12:49e você está correto,
12:50ainda é melhor do que uma aventura militar
12:53que não se sabe depois se o resultado
12:55vai ser atingido a contento.
12:58Manuel Furriella,
12:59professor de Relações Internacionais,
13:01sempre aqui conosco na Jovem Pan.
13:02Muito obrigada, professor.
13:05Um bom final de semana,
13:06uma boa paz para todos.
13:07Para você também.
13:08Obrigada.
13:08Obrigada.
13:09Obrigada.