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  • há 4 dias
Quais os exemplos a serem seguidos nas SAFs e os que não devem? Saiba os desafios de implantar algo do tipo em uma liga organizada pelos clubes e não por um órgão em específico. Rodrigo Castro, doutor, mestre e especialista em direito comercial pela PUC-SP, analisou o assunto.

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Transcrição
00:00As SAFs estão se multiplicando entre os times de futebol das diferentes divisões.
00:04O universo dos times brasileiros atualmente é composto por 30 sociedades anônimas do futebol.
00:09Com a vitória da Copa Libertadores de 2024, o Botafogo foi a primeira SAF do país a conquistar um título desse tamanho.
00:17Vamos entender os prós e os contras desse tipo de contrato com o Rodrigo Castro,
00:21que é advogado e presidente do IBSAF e também idealizador da lei da SAF.
00:25Rodrigo, bom dia para você e seja bem-vindo ao Real Time.
00:28Bom dia, Marcelo. Prazer enorme estar aqui com você hoje.
00:32Bom, a primeira pergunta que eu queria te fazer é quais são os principais desafios na hora de implantar uma SAF?
00:39Muito bom. A pergunta é ótima.
00:40Eu acho que há cinco perguntas que devem ser respondidas por um clube.
00:44O que ele é, ou que momento que ele está, o que ele quer ser, como ele vai chegar a isto, com quais recursos e com quem.
00:54Então, basicamente é isto. Se transformar ou passar ao modelo de SAF não é uma solução.
01:01Ninguém vai resolver os seus problemas simplesmente deixando de ser um clube, uma associação sem fins econômicos
01:08e passando ao modelo corporativo ou empresarial.
01:12Estas perguntas que envolvem, então, um plano, uma estratégia esportiva, uma estratégia econômica e uma estratégia jurídica
01:21é que vão, essa consolidação é que vai ajudar a fazer com que um projeto seja bem ou mal sucedido.
01:30Rodrigo, bom dia. Queria aproveitar até o gancho que o Marcelo colocou sobre o Botafogo.
01:36O Botafogo, ano passado, teve um ano excepcional, foi campeão da Libertadores, campeão brasileiro.
01:42E aí, no final do ano, a gente viu um desmanche do time.
01:46A gente sabe que as SAFs passam para o investidor e o investidor quer lucrar, claro.
01:51Mas como equilibrar isso com a paixão do torcedor que quer um time cheio de ídolos, um time forte todos os anos,
01:59não quer ver seus jogadores sendo vendidos, ele está menos preocupado com as finanças
02:03e mais preocupado com o desempenho esportivo. Como que você coloca isso numa balança?
02:08Bom dia, prazer enorme falar com você também.
02:11Eu acho que a questão do desmanche, ela não é uma prerrogativa de uma SAF.
02:16Se olharmos historicamente, as associações, os clubes, quando tem times bem-sucedidos e campeões,
02:23costumam se desfazer dos seus jogadores para pagar suas dívidas e assim por diante.
02:28O que a SAF trouxe é uma perspectiva de planejamento e uma possibilidade de, dentro deste planejamento,
02:36conseguir manter ou renovar os seus times e os seus elencos.
02:41A questão do Botafogo é interessante justamente porque é um projeto muito bem,
02:45o resultado veio muito rapidamente.
02:48Ano passado o Botafogo ganhou dois títulos, mas no ano anterior não ganhou por um mínimo detalhe.
02:55Se é que um pênalti é um detalhe.
02:56Caso o Tiquinho tivesse feito o pênalti lá no Maracanã, provavelmente o resultado teria sido outro.
03:02Então o projeto é um projeto bem-sucedido.
03:04Agora o que houve ali foi uma intensificação, um investimento muito alto,
03:09muito maior do que se planejava na própria relação Botafogo-investidor para conseguir rapidamente um resultado.
03:17É normal, eu entendo, que agora se façam alguns ajustes e depois se entre num, vou chamar, num plano de cruzeiro.
03:25Mas para responder objetivamente a sua pergunta, a preocupação que se deve ter é no momento da negociação desta relação entre um investidor e o seu clube.
03:37Sobretudo, em relação a dois aspectos.
03:40O primeiro, investimento e desinvestimento, que significa a negociação de jogadores, por exemplo, no momento de títulos.
03:49E quando houver uma situação em que o investidor tem outros clubes fora do Brasil,
03:57como é que essa relação vai se dar para que conflitos não prejudiquem o time brasileiro?
04:02Então, do ponto de vista contratual, essas questões podem ser detalhadas e negociadas.
04:10Acho, para concluir a resposta, que o processo é um processo de aprendizagem.
04:15A primeira SAF, ela segue um caminho, ela acerta, ela erra em alguns aspectos.
04:20A segunda já olha onde os acertos aconteceram, tenta absorver, eliminar os erros, aparar arestas.
04:28E assim a gente vai construindo um sistema que, na minha opinião, e quando eu iniciei esse processo de idealização,
04:35de apresentação da lei da SAF, ninguém acreditava que fosse acontecer.
04:41E o que eu falo agora também ninguém acredita, ou poucos, o Brasil vai ter o maior mercado de futebol do planeta.
04:47Tem tudo, tem a vocação para isso, tem todos os produtos para isso, jogador, clubes, campeonatos, seleção, história, tradição.
04:58Basta que a gente consiga azeitar esse sistema que está sendo criado, que tem basicamente dois aspectos relevantes.
05:05Um, a SAF, que cria um novo mercado de futebol, e o segundo, que é absolutamente futebol, que a gente consiga criar uma liga de times de futebol.
05:15Rodrigo, você falou aí do Botafogo como um bom exemplo.
05:18Eu queria que você citasse para a gente que outros bons exemplos que você enxerga nesse universo da SAF no Brasil,
05:24que podem ser seguidos, por exemplo, para os novos clubes que forem aderir ao modelo.
05:28Muito bom, Marcelo. E, aliás, um pequeno comentário.
05:32A sua informação está correta.
05:34De 30 times que estão nas séries principais, mas no Brasil hoje já há 99 SAFs.
05:42Esse número é de janeiro, final de janeiro de 2025,
05:45porque na pesquisa que nós fizemos pelo IBSAF, nós levamos em conta também clubes que não estão nas séries do brasileiro,
05:52só participam de campeonatos regionais ou, eventualmente, nem participam.
05:57São formados para negociar jogadores, tá?
06:00Eu acho que há exemplos muito interessantes, como o do Bahia.
06:05O Bahia vai, na minha opinião, paulatinamente, se posicionar como uma grande e estável potência do futebol brasileiro.
06:15Eles conseguem, hoje já, ter um time competitivo e, mais do que isso,
06:19o que eu tenho acompanhado dá estabilidade.
06:22Por exemplo, em momentos de crise, em que a torcida pede a queda de um treinador,
06:27no caso do Rogério Senna, a diretoria manteve o Rogério,
06:31que vem se organizando e colocando.
06:32Já colocou o Bahia na Libertadores, o Bahia vai protagonizar na Libertadores.
06:36Esse é um projeto muito interessante.
06:38Outro que eu acho que foi extremamente bem cedido foi o do Cruzeiro.
06:42O Ronaldo, que foi uma espécie de, vamos dizer, fiador de todo o sistema,
06:48porque quando a lei passou em 2021, uma lei que é do ex-presidente e atual senador Rodrigo Pacheco,
06:55havia um ceticismo, Marcelo.
06:57As pessoas achavam que a lei não fosse pegar.
07:00E aí, um jogador planetário, que tem uma visibilidade quase única,
07:06e diz, eu acredito nesse sistema.
07:09Quando ele investe no Cruzeiro, o Brasil, investidores locais e o mundo,
07:13ambos passaram a falar, uau, o que está acontecendo?
07:17E daí o resultado, já são 99 sábios.
07:19O que o Ronaldo fez?
07:20O time, ele tinha um time de executivos absolutamente qualificado, muito, muito bom.
07:26Eles pegaram uma estrutura quebrada, se fosse uma empresa teria falido,
07:31e conseguiram, em dois anos, arrumar a casa, estabilizar todas as saídas,
07:38criar um time com uma folha pequena, dar solidez para esse grupo,
07:44confiança para o grupo, eles sobem para a primeira divisão.
07:47E, na sequência, chegam já numa final de Copa Sul-Americana.
07:52Não ganham, mas chegam numa final de Copa Sul-Americana.
07:54O projeto foi tão bem sucedido, na minha visão,
07:57que um empresário local, bilionário, olha e fala,
08:01uau, agora eu acho que esse time já tem uma certa organização
08:04para que eu possa fazer a aquisição, e faz essa aquisição lateral,
08:08e o Ronaldo sai e entra a turma lá de BH,
08:10que também é uma turma bem qualificada,
08:12com uma visão diferente de futebol e de gestão do futebol,
08:15mas que está seguindo o seu projeto.
08:17Então, são dois que são muito projetos bem interessantes,
08:23e, enfim, há modelos diferentes.
08:24O do Atlético Mineiro é um modelo bacana também,
08:26que havia uma dívida muito grande com alguns credores,
08:29e esses credores se tornam acionistas de uma SAF, e assim por diante.
08:33O que é importante, Marcelo, é que cada clube tem a sua realidade,
08:38tem a sua vocação, tem as suas características,
08:41e o projeto de SAF tem que ser adaptado a isto.
08:44Não temos, e quem for para um modelo padrão de prateleira,
08:48vou copiar, não vai dar certo.
08:51A cultura tem que ser compreendida na hora deste casamento
08:55entre investidor e um clube de futebol.
08:58Rodrigo, a gente viu alguns exemplos de SAF que não deram tão certo.
09:02A gente tem esses bons exemplos do Botafogo, por exemplo,
09:06mas o Vasco da Gama, o Coritiba, ali enfrentam algumas dificuldades.
09:11Mas a pergunta que eu queria te fazer é,
09:13a gente vê essas SAFs chegando, sendo aprovadas em clubes
09:16que estão muito endividados, pelo menos geralmente é isso que acontece.
09:20Cruzeiro é o grande exemplo, o Botafogo também era outro clube
09:22que estava passando por grandes dificuldades,
09:25mas a gente tem outros clubes que ainda não viraram SAFs
09:27e que têm dívidas altas.
09:29O São Paulo, o próprio Corinthians, com uma dívida de mais de 2 bilhões de reais.
09:33Minha pergunta é, até quando que uma dívida alta desse ponto,
09:40uma dívida de 2 bilhões de reais, ela vai conseguir atrair investidores?
09:43Porque se torna um peso muito grande para o investidor também
09:46recuperar um clube tão endividado, não é, Rodrigo?
09:49Você está certíssimo.
09:51E assim, quando a lei surge, o que eu dizia e outras pessoas diziam,
09:57é que nós viveríamos três ondas.
09:59A primeira onda, a onda dos absolutamente desesperados.
10:02E foi o que aconteceu.
10:03E muitos desesperados que deixaram de sair no desespero,
10:07o caso do Botafogo, que ganhou o título mais importante,
10:11talvez, do planeta para um torcedor sul-americano,
10:14e que nunca, algo talvez que não estivesse no sonho deles.
10:18Então, o resultado já está aí.
10:22Aí depois, a segunda onda, que é uma onda que a gente está nela passando para a terceira.
10:27A segunda onda é dos times que têm dificuldades,
10:30mas que conseguem ou que poderiam escolher com um pouco mais de calma o seu momento.
10:36Foi o Atlético Mineiro, foi o Bahia e outros que estão agora a caminho.
10:42Se fala, há imprensa, há notícias na imprensa de projetos que envolvem Fortaleza, Fluminense e outros times.
10:52E a terceira onda vai ser a onda dos clubes maiores,
10:57que não necessariamente estão bem financeiramente,
11:01mas conseguem se segurar pela sua grandeza,
11:04ou, eu vou usar uma expressão forte, mas ela é importante,
11:09sobretudo para o torcedor compreender, pela sua arrogância.
11:13E a arrogância é o que faz você perder a oportunidade de transformar,
11:20de criar algo no momento em que a sua situação é boa,
11:25e deixar passar e entrar numa negociação quando a situação é muito ruim,
11:31e aí o seu poder de barganha é muito menor.
11:34E aí vou citar dois times aqui que você mencionou, São Paulo e Corinthians.
11:38O Corinthians, sim, tem uma dívida muito grande,
11:42uma dívida que, na minha opinião, não vai se resolver sem uma recuperação judicial,
11:47o que impacta aqui todo o entorno, toda a comunidade,
11:51todos os stakeholders, como se gosta de falar,
11:54credores, fornecedores, jogadores e assim por diante.
11:57É um processo mais intenso, mas que pode, ao final,
12:02se for combinado com um investimento grande,
12:05colocar o time de volta no mesmo patamar.
12:08E é, por exemplo, o caso do São Paulo,
12:10que quando a lei da SAF saiu, a dívida do São Paulo era pequena,
12:14era uma dívida totalmente administrável.
12:18São Paulo, se tivesse partido, se tivesse sido protagonista deste processo,
12:23ele estaria, talvez, hoje, no nível do Palmeiras e do Flamengo.
12:27Mas não.
12:28Ele está cada vez mais perto do Z4.
12:32E, aliás, um dado.
12:33Desde que o Red Bull Bragantino veio para a primeira divisão,
12:36o único ano em que o Red Bull Bragantino não ficou à frente do São Paulo
12:40foi o ano passado.
12:41Então, são sintomas que dizem ou indicam,
12:45que demonstram que, quando o São Paulo resolver fazer,
12:48e outros grandes que não aproveitaram o momento,
12:52eles vão ter mais dificuldades e o preço deste negócio vai ficar mais alto.
12:56O que eu quero dizer?
12:57O investidor vai querer mais poder, mais participação,
13:01por conta do risco e do tamanho das suas dívidas.
13:05Rodrigo Castro, advogado e professor de Direito Comercial do IBMEX São Paulo,
13:09muito obrigado pela sua participação aqui no Real Time.
13:12Bom dia e boa Páscoa.
13:14Bom dia para vocês.
13:15Boa Páscoa.

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