Financiamento cria impasse sobre combate às alterações climáticas

  • há 9 anos
Para fazer o ponto da situação sobre as negociações que decorrem, desde 1 de dezembro, na Conferência das Partes sobre as Alterações Climáticas, a correspondente da euronews em Bruxelas, Margherita Sforza, entrevistou Giovanni La Via, eurodeputado e presidente da Comissão de Ambiente do Parlamento Europeu, numa ligação via satélite a Lima, capital do Peru.

Margherita Sforza/euronews (MS/euronews): “Participa há vários dias nas negociações e existe a sensação de que ainda há um muro entre países ricos e países pobres. O que é que bloqueia as negociações?”

Giovanni La Via/eurodeputado (GLV/eurodeputado): “Na verdade, as negociações continuam bloqueadas devido às tentativas dos países mais pobres de obterem mais recursos. O acordo negociado em Copenhaga previa que, quando chegados a 2020, estariam disponíveis 100 mil milhões de euros por ano. Agora está a falar-se de um número muito mais baixo: 10 mil milhões para quatro anos. Logo, os países em vias de desenvolvimento consideram que não é suficiente para garantir uma nova política ambiental.”

MS/euronews: “O fundo visa ajudar os países mais pobres a combaterem as consequências das alterações climáticas. Esperava mais por parte dos países mais ricos?”

GLV/eurodeputado: “Não é possível continuar a pensar no Brasil, no México, na China e na Índia como países menos desenvolvidos. Procuramos obter uma solução intermédia, de modo a que não continuem a ser os países mais ricos a ajudarem a China neste processo. Estamos a trabalhar na identificação das respetivas possibilidades de cada país para reduzir as atividades prejudiciais para o ambiente e, assim, obter um acordo global.”

MS/euronews: “O senhor é otimista! Ainda acredita que se consiga um acordo em Lima que conduza a um compromisso claro nesta área dentro de um ano, durante a Conferência de Paris?”

GLV/eurodeputado: “Sim, acredito seriamente e temos alguns sinais positivos nesse sentido. O Presidente Obama fechou um acordo com a China e começou a negociar com a Índia. Isso significa que os grandes poderes globais começaram a olhar para a luta contra as alterações climáticas como uma das principais políticas a serem implementadas.”

MS/euronews: “Para terminar, o que poderia levar a um falhanço da reunião no último minuto?”

GLV/eurodeputado: “Tudo pode ir pelos ares se alguns países, especialmente os mais pobres, exigirem mais compromissos de apoio às suas economias, de modo a que possam lutar contra as alterações climáticas. A resistência de algum países mais pequenos, ou de pequenos grupos de países, pode ser devastadora em termos de resultado final”.

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