"Nebel im august": a história do programa de eutanásia nazi para eliminar doentes mentais e pessoas "inúteis"

  • há 8 anos
“Nebel im august” retrata o programa de eutanásia do regime nazi. O filme conta a história verídica de Ernst Lossa, assassinado aos 14 anos, num hospital psiquiátrico. O objetivo dos nazis era eliminar todos os doentes mentais. O ator Sebastian Koch incarna o papel do médico Valentin Faltlhauser, responsável pela morte de pelo menos 1200 pessoas.

“Para mim enquanto ator trata-se de incarnar a lógica e o ponto de vista da minha personagem. Por isso o espetador não me vê com um sorriso demoníaco. A minha personagem levanta-se de manhã, olha-se ao espelho e pensa que está a fazer um grande trabalho em prol do povo alemão, acredita na missão dele. É um dos aspetos fascinantes deste papel. O que hoje vemos como um crime, para ele não era nada de mal”, disse o ator alemão.

Não é a primeira vez que Kai Wessel retrata o nazismo. O realizador alemão é o autor de “Die Flucht” um telefilme de 2007 sobre a fuga dos refugiados da Prússia Oriental para escapar ao exercito vermelho em 1944. A obra foi vista por 2,4 milhões de espetadores no canal franco-alemão Arte.

Kai Wessel afirma que um dos grandes desafios para a produção do novo filme foi a escolha da personagem principal, o jovem Ernst Lossa.

“Fizemos um enorme trabalho ao nível do casting, e desde o início tornou-se claro que ele era um excelente candidato. Improvisámos bastante durante o casting. Queríamos ter a certeza absoluta de que era a pessoa certa para o papel. No final, tivemos a certeza de que o Ivo Pietzcker era a melhor escolha”, sublinhou o realizador.

“Gosto muito de história e leio muitos livros, incluindo livros de história e já sabia coisas sobre o programa de eutanásia antes de começar o filme”, contou Ivo Pietzcker.

O programa de eutanásia organizado de forma centralizada pelo regime nazi foi interrompido em 1941 e reorganizado a nível local, em vários hospitais psiquiátricos.

“Estou convencido de que o doutor Veithausen nunca se viu como um criminoso. Achava que fazia parte de um movimento científico de vanguarda e acreditava na sua missão. Acreditava por exemplo na missão de criar comida sem nutrientes para que os pacientes acreditassem que estavam a comer. Essas pessoas morriam de malnutrição e aos olhos dele é uma forma relativamente humana de morrer. Ele sentia-se orgulhoso pela sua invenção e foi aplaudido pelos nazis. Ele podia decidir após 1941 quem podia morrer e pensava poder matar de uma forma alemã ou seja eficaz, o que é perverso”, afirmou Sebastian Koch

Valentin Faltlhauser acabou por nunca ser preso e morreu em 1961. Estima-se que o programa de eutanásia nazi concebido para eliminar as pessoas consideradas doentes ou inúteis terá feito 300 mil vítimas mortais na Europa.

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